Tuesday, August 3, 2010

Caranguejos fujões

Você sabia que para cozinhar aquele delicioso caranguejinho que você come na praia, ele teve que ser cozido vivo? Isso é necessário para que você não coma carne estragada.

Sabendo dessa peculiaridade no cozimento desses animais, um amigo da minha vó certa vez levou alguns espécimes pra ela cozinhar. Minha vó sempre foi boa cozinheira, daquelas que nunca seguem receita e sempre sai bom (coisa de vó, né?).

Os caranguejos chegaram prontinhos para irem ao fogo. Minha vó encheu a panela de água, ferveu, jogou os bichos, tampou e esperou. De repente, a tampa da panela começou a se mexer e algumas patas começaram a aparecer: eram os caranguejos tentando fugir. Em pânico e sozinha, minha vó não sabia o que fazer. A primeira coisa que viu na frente foi a porta da cozinha que dava para o terreno baldio do vizinho. Sem pensar duas vezes, ela pegou a panela e virou para o outro lado do muro, liberando os caranguejos - e ela própria - de toda aquela angústia.

Sunday, May 16, 2010

Gangue da batida

Essa história é da época que estavam acontecendo uns assaltos em São Paulo em que os ladrões escolhiam suas vítimas (normalmente mulheres sozinhas), batiam na traseira de seus carros, e quando elas paravam pra ver o que tinha acontecido, BUM, anunciavam o assalto. Lembram-se?

Uma noite minha mãe estava vendo tv com a minha vó e um novo caso desse tipo foi relatado pelos repórteres. Minha vó vira pra minha mãe (que ia voltar sozinha pra casa) e pergunta:

- Má, você não tem medo de voltar sozinha pra casa? E se a gangue da batida te pegar?

- Ah, mãe, não se preocupe! Eles escolhem só mocinha novinha e bonitinha.

- Puxa, mas até que você ainda quebra o galho!

(acho que na cabeça dela isso era um elogio...)

Thursday, April 15, 2010

Buraco Negro

Agora na páscoa teve festinha pra comemorar a data lá no Lar onde minha vó mora. Geralmente, nas festas, os convidados pagam pelo seu almoço e pela sua bebida, e as senhorinhas moradoras do lar obviamente ganham as delas. Mas a minha vó não se contenta apenas com a comida dela. Bobeou com comida ao lado dela, ela traça. Às vezes me pergunto se o que ela tem dentro dela é um estômago ou um buraco negro. Nunca vi caber tanta comida. Mas hoje em dia ela já perdeu a noção do que é comida dela e o que é comida dos outros.

Então no dia da festa estávamos todos sentados na mesma mesa, aquela confusão de copos e pratos de todo mundo numa mesa pequena. Minha vó, sem ter a menor ideia do que estava fazendo, olha pro lado e vê um copo cheio de coca. Ela não teve dúvida: pegou o copo e virou tudo num gole só. Era o copo do Ale. Cerca de 30 segundos depois, esquecida do que acabara de fazer, ela repete o processo. Olha pro lado, vê outro copo cheio - dessa vez o meu - e manda ver de novo, num gole só. Acho que ela só parou por aí porque depois dessa, a gente passou a esconder os nossos refrigerantes.

Wednesday, January 20, 2010

Conto do Vô 2 - A porta

Essa também é do meu vô, o exímio arquiteto. Essa é pra provar que meu avô não tinha muita noção das coisas que ele fazia. rs.

Certo dia ele resolveu reformar o apartamento onde morava com a minha avó. Como ele não tinha muito dinheiro, contratou um pedreiro de quinta categoria para abrir um buraco na parede e colocar uma porta. Só que o pedreiro fez o serviço errado, e a parte de cima da porta ficou completamente torta. Ao olhar da sala, a pessoa conseguia enxergar, através da porta, uma cômoda que ficava na parede oposta à sala. Com a porta torta e a cômoda reta, ficava óbvio que a porta estava torta. Meu avô não tinha dinheiro para mandar consertar a porta. Porém, ele tinha habilidade para serrar a perna da cômoda. Na lógica dele, se ele deixasse a cômoda tão torta quanto a porta, ninguém notaria. E foi o que ele fez. Agora ele tinha uma porta torta e uma cômoda torta, que, somados, davam uma coisa reta.

Tuesday, January 12, 2010

Conto do Vô - O carro que chove

Essa história não é da minha vó, mas é do meu vô. Como é da mesma geração, achei que valia aqui um espaço pra contar, que essa também é boa.

Meu vô era um cara engraçado, todo engenhoso à sua maneira. Infelizmente eu não o conheci direito, ele faleceu quando eu tinha quase 2 anos. Mas meu pai conta umas histórias dele e diz que ele era muito querido.

Diz meu pai que meu avô tinha um carro que enchia de água quando chovia. Meu avô, muito espertamente, ao invés de mandar consertar o local do vazamento, por onde estava entrando água, fez o que? Furos! Furos no assoalho do carro! Assim, toda a água que entrasse, saía.
Genial, não?

Friday, January 8, 2010

A vó e o cão

Essa não é uma história engraçada e não é nenhuma pérola que minha vó tenha dito. Mas fiquei sabendo dessa história ontem e achei que valia a pena contá-la aqui.

Meus avós ganharam de presente de casamento um cachorro, e deram a ele o nome de Fiel. Fiel era muito companheiro e gostava de seguir seus donos onde quer que eles fossem, desde que era pequeno. Logo nos seus primeiros meses de vida, Fiel tentou seguir minha avó até o trabalho dela, enquanto ela tentava mandá-lo de volta para casa. Mas ele a seguia, firme e forte. No meio do caminho havia uma porteira por onde passava a linha do trem. Lá havia muita gente esperando o trem passar. Foi quando Fiel se perdeu da minha avó. Triste, minha avó seguiu seu caminho sozinha, pensando tê-lo perdido para sempre.

Quando, à noite, minha avó voltou cansada do trabalho, Fiel estava à sua espera na mesma porteira onde eles haviam se separado. Eles voltaram juntos para casa, onde Fiel viveu por 22 anos.